sexta-feira, 30 de julho de 2010
Arte ou não arte?
Quem decide o que é bom ou não em arte? De onde veio o primeiro pretensioso que se achou no direito de dizer “isso é bom!”, e ”isso? Isso não presta!”. Quem? Acredito que arte não se critica. A gente gosta, ou não, se impressiona ou não. Faz julgamentos, mas estes, se negativos forem, devem permanecer silenciosos. Acho ridículo o sujeito que ousa dizer o que é bom para os outros lerem, verem, escutarem, apreciarem. E ridículo é só uma das palavras. Também não gosto de “dicas’ de pessoas chatas que acham bonitinho dizer ”vc precisa fazer um cursinho pra aprender a escrever melhor”. Bom, eu acho que aprender a escrever bem, se for pensando em escrever corretamente em algum idioma, ai acho corretíssimo. Coisas do tipo “seje”, se não forem vindas de um personagem que não fala bem o português, é feio de ler. Lembro do Deni me dizendo que poderia me ensinar a desenhar patas, já que sempre faço meus lobos com essas partes escondidas em água, ou em vegetação, porque não sei desenhá-las. È possível melhorar os talentos. Talvez eu esteja sendo teimosa, mas realmente não consigo me ver dentro de uma sala de aula “aprendendo” a escrever corretamente, com um professor que é bem possível seja um sujeito que nunca publicou um texto na vida, e que gosta imensamente de criticar os alheios. Já tive um professor de português assim, um fracassado, que só falava asneira, desfazendo dos bons alunos. Além do mais, os escritores que chamam atenção da gente, não podem ser copiados, então pra que escrever tentando isso? Eu jamais escreverei como Stephen King, pois não possuo sua história de vida, seus delírios, seu conhecimento. Gosto muitíssimo dele, assim como de Anne Rice, mas jamais vou tentar copiá-los. São para o meu prazer suas histórias, não para ver como é e fazer igual. Então, essa de ir pra uma aulinha, aprender o que uma criatura gosta, ou diz ser importante, e fazer daquele mesmo jeito, nada a ver. Não para mim. Alguém me disse que achava bons esses cursos porque aprendia certas regras pra deixar ao texto melhor, Melhor pra quem? E a espontaneidade, e a idéia que o escritor quer passar,? Dá pra encaixar isso em regras? Eu não estou na Escola Militar, deusolaivre disso! Criticam muito o Paulo Coelho. Eu gosto de muitas das idéias dele, se o jeito que ele escreve é correto, se enquadra nas regras dos cursinhos ou de algum chatésimo crítico de literatura, não sei, mas ele escreve como quer, feio ou bonito, chato ou legal, não importa! O que importa é que ele tem o seu prazer de ver o que escreve publicado, lido, reconhecido. Isso é o que vale. Pra mim pelo menos é. E as grosserias dos críticos, me enojam. Eu já sou absurdamente sensível em relação a críticas, acho que elas podem ser feitas sim, mas com respeito. Ta, eu chamei de ridículos os críticos, e isso é uma crítica grosseira a um comportamento, eu sei, rs. Mas críticas não são arte, certo? E como esse texto é pra isso, pra falar de quem critica arte, está aí.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
A Catalunya me salvou!
Fiquei possuída, endemoninhada mesmo ontem! Cometi a burrice desleixada de não salvar 3 horas de trabalho, e quando fechei, adivinha? Respondi “não” para salvar...Claro! Quando a gente não pensa, dá nisso, ou estava tanto escrevendo sobre demônios e gentes ruins que deu nisso, me ferrei. Só não chorei! Mas xinguei! Xinguei muito, como quem me conhece sabe que faço. Bunda caída das bundas caídas isso de fazer patetices! E agora? Tuuuudo de novo...E eu achando que todo aquele tempo estava sendo perfeito, silêncio em casa, as palavras pulando, vivendo, ficando lindamente enroscadas umas nas outras...Só se era Odin ou algum outro me fazendo pagar pela pretensão...Masssssssssss, eis que emburradíssima vou para a gente da TV, sim, de novo, mas era telejornal, então, entre jogadores bandidos e prost... Err, moças assassinadas, destruição e talzs, eis que a Cataluña vem como um poderoso pastor evangélico e tira os demônios de mim! Amarrado 3 veis! Sai que esse corpo não te pertence! Em nome de nosso sinhô! Eita pau! Acabaram com as touradas naquele lugar que da Espanha nem quer ser mais. Meu péssimo humor passou de imediato! Odeio touradas, odeio qualquer coisa bestial que maltrata bichos para o prazer de seres humanos de espíritos podres. E aquele velho que gritou enfurecido que achava um absurdo acabarem com a diversão e com o que caracteriza na opinião nojenta dele, a Espanha, e que quem não gosta das touradas, de ver o pobre animal sendo machucado até a morte por um retardado que não teve coragem pra ser bailarino e fica requebrando na frente de um bando de mais retardados ainda, que se mude! Bom, véio imbecil, espero que vc, que já ta bem passado mesmo, morra, engasgado com um bife. Que vc deve comer como se fosse um sanguinário caçador. Perdi horas de trabalho, aprendi que devo ficar mais esperta, principalmente escrevendo sobre demônios, eles podem se vingar, rs, e ganhei o dia, e fiquei feliz! Viva a Cataluña!
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Eu para raio de mim mesma
quarta-feira, 28 de julho de 2010
"Aprendi da importância de não dar muita importância. Ficar com os meus pés no chão”.
Roubei a frase da Cri. Eu tento...Agora eu tento mesmo...Mas meus pés voam. Sempre tive assim somente a pontinha do dedo mindinho do pé esquerdo no chão...O resto, tudo nas nuvens...Inclusive nas chumbo de tempestade...Estou tentando ser mais no chão. Ter tudo não doendo tanto. Continuar a sentir, sim! Pois viver sem sentir é ficar igual aos que detesto...Sem chance! Mas queria mesmo ficar sem o mau-humor. Ontem, passei o dia dormindo, porque pude me dar a esse luxo...Me entregar as minhas cobertas quentinhas...Dormir pra nem pensar em chatices, em porcarias...Em sonhos que insistem em aparecer...Por que a gente não sonha apenas bons sonhos? Ôooo coisa...Mas dei um chega pra lá na bruma turva que queria se apoderam de mim, qdo (tive) que levantar da cama, já passando das 6h, da tarde, rs...Tomei café, que eu já havia passado ao meio dia, qdo minha mãe gritou para que eu fosse satisfazer seus desejos de beber, já que ela não faz nada naquele lindo fogão que me deu de presente, por que será que ela deu, hen? Hummm...E, me enchi de bolacha junto com o Lé. Vi a novela! Na verdade as três, rs...Creeedo! Sarah querida, era da Globo, não mexicanas como vc me aconselhou a ver já ha tanto tempo, rs...Desculpe! Vamos aos poucos nessas artes, certo? Mas assim, vi, cozinhando...(sem querer confessar o pecado inteiro né?). Comi feito uma baleia, o que provou para mim mesma, que o mau-humor era coisa boba, que eu venci a batalha, pois qdo estou em negras fases (Oh preconceito! Politicamente incorreto! Negros não são ruins! Que saco...), não consigo comer e emagreço horrores fenomenais...(as anoréxicas tbm merece respeito! Processo por preconceito!, de novo, os bobos na minha mente) Vi na novela das 9h, um sujeito se fazendo de bonzinho, o que se sacrifica, dizendo eu te amo, quase assim um não me esquece para aquela a quem ele vai deixar...? Vai mesmo? Só se ela quiser, porque dessa laia de homem, se espera sempre que eles fiquem entre qtas os quiserem...E ver isso, me fez lembrar do cafajeste chinelento, claro, mas dessa vez, sem ranço...Sem aquela vontade de xingar, de bater (o que faltou talvez! Uma bela bofetada... ah! Que pena, mas....), só vi um igual em atitude ali. Comentei, ri, falei “eita, que conheço um igualzinho!”. “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!”, e permaneçam abertas!!!!!! Nada como matar e enterrar numa cova funda um ser que transformou o amor numa coisa péssima. Canção de voodoo já foi cantada! Agora, é so dançar no túmulo! Espero que um dia de verdade, rsrsrs... (criatura vingatiiiiva....). O Menino dos Zóio de Doce me perguntou com faz, se é que entendi, (vai que era outra coisa? rs), como faz pra abandonar o que não serve mais pra gente. Eu fiz assim, pra começar, porque ainda não abandonei tudo não! Busquei coisas antigas, e fui me desfazendo, dizendo “vc não serve mais.” Vc não presta! Nunca prestou! Sai daqui!”. Perdoando, ou tentando perdoar quem me fez mal. Não conseguindo, fazendo voodoo mesmo, pra espantar! Penso que eu sou melhor do que aqueles que tanto me fizeram mal. Que sou melhor do que fui para mim mesma. Tento perdoar a mim mesma por tantas coisas ruins que fiz, pra outros e principalmente pra minha vida. Não me maltrato mais. Eu faço força pra sempre acreditar que mereço o que é de 1ª, não o que é de 5ª. Tropeço ainda. Tenho ódios, muitos, voltados contra mim mesma tbm, mas nunca mais quero me ver na lama. Cuido bem de mim mesma. Hoje lembro, releio antigos diários e me revira um pouco o estômago certas coisas, outras são agora nada. Coloco aqui sem medo. O passado pode ter a ver com o presente, só não precisa tomar conta dele. Posso anulá-lo. Posso usá-lo como quiser. Me sinto mais livre. Mesmo em dias como ontem, de mau-humor.
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Eu para raio de mim mesma
terça-feira, 27 de julho de 2010
domingo, 25 de julho de 2010
Deni, o Duende da Maçã Mordida
Dele vem pra mim, tudo o que há de perfeito nesse mundo! Meu coração se encheu de uma coisa quentinha, fofa, macia quando o conheci, há tanto tempo já...Tantas vidas juntos...Certeza absoluta de concentração pura de amor! O sorriso dele junto com seus olhos são sol! Ah! Clichês, palavras comuns...A beleza da pureza do comum se transforma em valioso! Quando falo dele, todas as palavras tem sentido de nuvem, tudo é valioso! Nada é comum...Sabe o herói da história? Aquele a quem os vulcões obedecem? Aquele que faz o Tempo parar pra te salvar? Aquele que diz “Vem! Se joga! Eu te seguro!” E você sabe que pode pular daquele penhasco porque os braços cheios de rimas e desrimas te agarram em sussurros de mansidão. Eu me jogo. Seus rios de veias onde nadam suas palavras me adormecem com felicidade...
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de coração
Juntos
Manhã fria, gelo no chão, uma camada bem fininha. Mas fazia crec crec sob as botas dele. Ele gostava de andar assim, sozinho, escutando os barulhos da manhã e do frio. Cheio de roupas pra se aquecer, andava nem rápido nem de vagar. Distraído. Só ligava o aparelho e colocava os fones quando entrava no ônibus. Ouvir as pessoas tagarelando o martirizava, principalmente a velha que pregava a Bíblia. Ia para o trabalho todos os dias assim. O primeiro emprego. Não era grande coisa, mas gostava porque podia mexer a vontade no computador, e não precisava atender as pessoas na recepção. A mocinha feiosa e a mulher mais velha que trabalhavam lá competiam nisso e ele ficava feliz por ficar longe delas.
-Moço! Que horas são?
Olhou espantado para a moça de cabelos pretos e touca branca. O cabelo ia até o queixo dela e virava as pontas pra frente.”De onde ela veio?” Perguntou a si mesmo, antes de responder sua pergunta.
-Quase 8h30.
-Ah! Então dá tempo! E ela abriu um sorriso imenso.-Nós vamos juntos!
-É? Ficou se sentindo bobo depois disso, mas quem não ficaria bobo diante de uma moça tão bonita? Sentia-se se perder dentro do sorriso dela.
-É! E riu uma risada de gente de bom coração.
O ônibus chegou e ela entrou primeiro, olhando arteira para ele, sempre sorrindo. O percurso era rápido, uns 10 minutos. Conversaram, ela contou a ele que morava em outra cidade, estivera ali de passeio apenas. E que agora estava indo para outro lugar, longe dali.
Ele pensou que era mesmo muita sorte para um cara como ele. Imagina se uma menina tão especial cairia do céu para ele assim, do nada e ficaria com ele ainda por cima! Deviam ser as tais brincadeiras dos deuses que a avó falava tanto.
-Por que você ta com essa cara triste?
-Nada...
-Ah! Eu não paro de falar não é? Te aborreci...
-Não! Sua voz é lin...da...podia ficar ouvindo você falar pro resto da vida...
-Vamos descer?
Ele viu que já chegara o seu ponto, devia descer do ônibus.
-Mas você vai descer aqui também?
-Sim! Eu disse que nós vamos juntos!
-Você sempre ri desse jeito?
-Sempre! Eu sou feliz! E você vai ser também!
Ele achava que tudo aquilo era a coisa mais estranha que já tivera em sua vida. Mas era também a melhor. O que será que ela iria fazer ali, exatamente no mesmo lugar onde ele trabalhava?
Entraram juntos pelos grandes portões. Era uma das construções mais antigas da cidade. O Cemitério Municipal.
-Bom, eu tenho que entrar...trabalho na secretaria.
-Eu sei! Já te vi lá!
-Como? Nunca te vi antes.
-Mas eu já te vi muitas vezes! Sempre passo por ali! Mas agora vai! Daqui a pouco a gente se vê de novo...
Renato a olhou como se não acreditasse em nada daquilo.
-Prometo! Daqui a pouco a gente se vê de novo!
Ela se foi rindo, dando pulinhos como se estivesse realmente muito feliz.Ele acabou rindo e entrando na secretaria. Passou pelo espaço no balcão, e foi se dirigindo para os fundos.
-Filho! Pode me ajudar?
Um homem com uma blusa bege e um casaco verde, de suíças no rosto, colocou um embrulho em cima do balcão.
-Pode me ajudar?
-A moça já vem atender o senhor.
-É só uma foto! Quero trocar a foto da minha filha. A que está lá no túmulo já está meio velhinha. Ela gostava tanto de tirar fotografias. Já está na hora de trocar por outra. Tenho tantas.
Ele se compadeceu do homem. E aquela era uma manhã tão boa, que podia atender a alguém que certamente havia perdido uma filha cedo demais, pois ele era uma homem novo ainda.
-Minha filha tinha 15 anos sabe? Veio passear pra cá. Me visitar. Somos separados, eu e a mãe dela. Pobrezinha, era tão cheia de vida! Tão feliz, sempre sorridente Afogou-se há cinco anos.
-Que pena. Mas o senhor precisa de ajuda para ir até lá? Até o tú...mulo...Sentiu-se desconfortável falando assim.A dor alheia o incomodava como sendo sua também.
-Não! Posso ir sozinho! Mas antes vou te mostrar a minha Mariza!
O pai ia abrindo o embrulho, tirando a foto da moça e Renato foi sentindo algo estranho, como um formigamento no peito.
-Pronto! Olhe! Não é uma beleza a minha filha?
O rapaz sentiu o coração arrebentar dentro do peito. Uma dor alucinante estourava suas veias enquanto olhava o rosto na foto. O mesmo rosto da moça que o acompanhara no ônibus ainda há pouco.
-Mas...o que houve? Você não está se sentindo bem?
Ele sentiu um clarão de luz dentro do cérebro e caiu no chão.
-Mas o que houve? Cléria, a atendente da secretaria entrava.
-Ele começou a passar mal e caiu no chão. Acho que teve um ataque cardíaco!
A mulher chegou perto dele, colocou a mão em seu rosto, sentiu a pulsação.
-Meu Deus! Ele está morto!
**
-Eu disse que nos veríamos logo, você não acreditou!
-Ainda estou tonto.
-É normal, é assim mesmo! Quando aconteceu comigo, fiquei um tempão tontinha também.
Ele chacoalhou a cabeça, como para desembaraçar os pensamentos.
-Mas o que está acontecendo?
-Ei? Vamos!
-Pra onde?
-Pra qualquer lugar! Eu estava só te esperando! Agora a gente pode ir pra onde quiser!
Ela segurou a mão dele, ainda tonto, e foi puxando-o pelo caminho. Seria assim por muito tempo ainda. Sempre rindo, ensinaria o rapaz quieto e triste em vida, a rir e a se divertir, na morte. Juntos.
-Moço! Que horas são?
Olhou espantado para a moça de cabelos pretos e touca branca. O cabelo ia até o queixo dela e virava as pontas pra frente.”De onde ela veio?” Perguntou a si mesmo, antes de responder sua pergunta.
-Quase 8h30.
-Ah! Então dá tempo! E ela abriu um sorriso imenso.-Nós vamos juntos!
-É? Ficou se sentindo bobo depois disso, mas quem não ficaria bobo diante de uma moça tão bonita? Sentia-se se perder dentro do sorriso dela.
-É! E riu uma risada de gente de bom coração.
O ônibus chegou e ela entrou primeiro, olhando arteira para ele, sempre sorrindo. O percurso era rápido, uns 10 minutos. Conversaram, ela contou a ele que morava em outra cidade, estivera ali de passeio apenas. E que agora estava indo para outro lugar, longe dali.
Ele pensou que era mesmo muita sorte para um cara como ele. Imagina se uma menina tão especial cairia do céu para ele assim, do nada e ficaria com ele ainda por cima! Deviam ser as tais brincadeiras dos deuses que a avó falava tanto.
-Por que você ta com essa cara triste?
-Nada...
-Ah! Eu não paro de falar não é? Te aborreci...
-Não! Sua voz é lin...da...podia ficar ouvindo você falar pro resto da vida...
-Vamos descer?
Ele viu que já chegara o seu ponto, devia descer do ônibus.
-Mas você vai descer aqui também?
-Sim! Eu disse que nós vamos juntos!
-Você sempre ri desse jeito?
-Sempre! Eu sou feliz! E você vai ser também!
Ele achava que tudo aquilo era a coisa mais estranha que já tivera em sua vida. Mas era também a melhor. O que será que ela iria fazer ali, exatamente no mesmo lugar onde ele trabalhava?
Entraram juntos pelos grandes portões. Era uma das construções mais antigas da cidade. O Cemitério Municipal.
-Bom, eu tenho que entrar...trabalho na secretaria.
-Eu sei! Já te vi lá!
-Como? Nunca te vi antes.
-Mas eu já te vi muitas vezes! Sempre passo por ali! Mas agora vai! Daqui a pouco a gente se vê de novo...
Renato a olhou como se não acreditasse em nada daquilo.
-Prometo! Daqui a pouco a gente se vê de novo!
Ela se foi rindo, dando pulinhos como se estivesse realmente muito feliz.Ele acabou rindo e entrando na secretaria. Passou pelo espaço no balcão, e foi se dirigindo para os fundos.
-Filho! Pode me ajudar?
Um homem com uma blusa bege e um casaco verde, de suíças no rosto, colocou um embrulho em cima do balcão.
-Pode me ajudar?
-A moça já vem atender o senhor.
-É só uma foto! Quero trocar a foto da minha filha. A que está lá no túmulo já está meio velhinha. Ela gostava tanto de tirar fotografias. Já está na hora de trocar por outra. Tenho tantas.
Ele se compadeceu do homem. E aquela era uma manhã tão boa, que podia atender a alguém que certamente havia perdido uma filha cedo demais, pois ele era uma homem novo ainda.
-Minha filha tinha 15 anos sabe? Veio passear pra cá. Me visitar. Somos separados, eu e a mãe dela. Pobrezinha, era tão cheia de vida! Tão feliz, sempre sorridente Afogou-se há cinco anos.
-Que pena. Mas o senhor precisa de ajuda para ir até lá? Até o tú...mulo...Sentiu-se desconfortável falando assim.A dor alheia o incomodava como sendo sua também.
-Não! Posso ir sozinho! Mas antes vou te mostrar a minha Mariza!
O pai ia abrindo o embrulho, tirando a foto da moça e Renato foi sentindo algo estranho, como um formigamento no peito.
-Pronto! Olhe! Não é uma beleza a minha filha?
O rapaz sentiu o coração arrebentar dentro do peito. Uma dor alucinante estourava suas veias enquanto olhava o rosto na foto. O mesmo rosto da moça que o acompanhara no ônibus ainda há pouco.
-Mas...o que houve? Você não está se sentindo bem?
Ele sentiu um clarão de luz dentro do cérebro e caiu no chão.
-Mas o que houve? Cléria, a atendente da secretaria entrava.
-Ele começou a passar mal e caiu no chão. Acho que teve um ataque cardíaco!
A mulher chegou perto dele, colocou a mão em seu rosto, sentiu a pulsação.
-Meu Deus! Ele está morto!
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-Eu disse que nos veríamos logo, você não acreditou!
-Ainda estou tonto.
-É normal, é assim mesmo! Quando aconteceu comigo, fiquei um tempão tontinha também.
Ele chacoalhou a cabeça, como para desembaraçar os pensamentos.
-Mas o que está acontecendo?
-Ei? Vamos!
-Pra onde?
-Pra qualquer lugar! Eu estava só te esperando! Agora a gente pode ir pra onde quiser!
Ela segurou a mão dele, ainda tonto, e foi puxando-o pelo caminho. Seria assim por muito tempo ainda. Sempre rindo, ensinaria o rapaz quieto e triste em vida, a rir e a se divertir, na morte. Juntos.
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Saudade da cripta?
Que bom lembrar David Bowie
**
It's not really work
It's just the power to charm
I'm still standing in the wind
But I never wave bye bye
But I try, I try
Modern love - Modern love
Modern love - Modern love, walks beside me
Modern love - Modern love, walks on by
**
Insanity laughs, under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance
Why can't we give love one more chance
Why can't we give love, give love, give love, give love, givelove
Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care
For the people on the edge of the night
And love dares you to change our way of
Caring about ourselves
This is our last dance
This is ourselves
Under pressure
Under pressure
Pressure
**
As que eu mais gosto dele...É bom lembrar do passado sem chacoalhar a cabeça pra espantar o que houve de feio...Me sinto como uma árvore que perdeu todas as folhas...Elas apodreceram, desapareceram, e eu até lembro delas, de sua existência passada, e posso ainda qualquer dia fcar chateada, triste...Mas as novas folhas já nasceram, e muitas outras virão e vou ficar toooda verdinha, e depois amarela...Acho lindas aquelas árvore que ficam amarelas no parque Yellowstone...rs....
It's not really work
It's just the power to charm
I'm still standing in the wind
But I never wave bye bye
But I try, I try
Modern love - Modern love
Modern love - Modern love, walks beside me
Modern love - Modern love, walks on by
**
Insanity laughs, under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance
Why can't we give love one more chance
Why can't we give love, give love, give love, give love, givelove
Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care
For the people on the edge of the night
And love dares you to change our way of
Caring about ourselves
This is our last dance
This is ourselves
Under pressure
Under pressure
Pressure
**
As que eu mais gosto dele...É bom lembrar do passado sem chacoalhar a cabeça pra espantar o que houve de feio...Me sinto como uma árvore que perdeu todas as folhas...Elas apodreceram, desapareceram, e eu até lembro delas, de sua existência passada, e posso ainda qualquer dia fcar chateada, triste...Mas as novas folhas já nasceram, e muitas outras virão e vou ficar toooda verdinha, e depois amarela...Acho lindas aquelas árvore que ficam amarelas no parque Yellowstone...rs....
Rehab?
They tried to make me go to rehab
But I said 'no, no, no'
O pc delirando de novo foi pras atualizações e consertos, e toques e retoques. Eu que sou sempre de achar o caminho mais difícil pra tudo nisso aqui, que me perco, e talz, não me achando nos favoritos (eu me favoritei, como diz minha amiga Sarah, rs), fui me procurar no google. E vi meu blog num negócio assim Drug Alcohol Center Rehab. Eu?! Rsrsrsrsrs...Olha ai Amy! É nóis! You’ll know, know, know...
But I said 'no, no, no'
O pc delirando de novo foi pras atualizações e consertos, e toques e retoques. Eu que sou sempre de achar o caminho mais difícil pra tudo nisso aqui, que me perco, e talz, não me achando nos favoritos (eu me favoritei, como diz minha amiga Sarah, rs), fui me procurar no google. E vi meu blog num negócio assim Drug Alcohol Center Rehab. Eu?! Rsrsrsrsrs...Olha ai Amy! É nóis! You’ll know, know, know...
sábado, 24 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Do Diário de 2008.
Por que as pessoas são tão más e desagradáveis umas com as outras? Por que gostam tanto de chatear, aborrecer, irritar, infernizar? Por que não procuram fazer algo de bom a si mesmas ao invés de invejarem e atormentarem os outros? O fato de que todos nós temos todas as qualidades e todos os defeitos não é desculpa para sermos nojentos ou para que suportemos os nojentos. Conviver com pessoas desequilibradas traz o desequilíbrio para nossa vida. Ativa o ponto onde, na gente, se desencadeia o desequilibro e nossa vida degringola. Houve um tempo em que eu tremia quando tocava o telefone ou a campainha. Hoje isso não acontece mais. Disso eu estou salva. Nunca mais penso imediatamente ao ouvir esses sons, quem será que está vindo me infernizar? Que fofoca vem agora? Que mentira? Eu sei que a responsabilidade é minha. Foi falta de atenção. Eu me deixei levar pelos outros, que é, acho, minha maior fraqueza. Entro na dos outros facilmente. Um horror. Quando andei com as MTM (Minas também matam – grupo do qual jamaaaaais participei por me sentir completamente fora dos padrões delas, e por achar aquilo infame, o comentário sobre como se chamavam é com intenção de mostrar o qto eram imbecis, rs), fiquei na mesma freqüência delas em muitos aspectos. Eram derrotadas, fracassadas emocionalmente e como eu também era, foi fácil cair mais baixo. Eu permiti. Minha tendência à depressão ajudando a andar sempre deprimida. Ou irritada, negativa. A responsabilidade pela invasão foi minha. Eu permiti. E o tempo foi passando. Hoje em dia não há mais nenhum problema dessa espécie. Sim, outras pessoas também “me puxaram” pra baixo. Mas agora estou bem. Ou melhor. Preciso sempre tomar cuidado. Cuidado com as relações que tenho. Com o ânimo das pessoas com quem entro em contato. E principalmente, ter sempre que estar atenta a mim mesma. Algo que sempre se mostrou difícil de ser realizado. Perco-me de mim mesma facilmente. Nem deveria usar o tempo presente! Essa é mais uma coisa que tenho que trabalhar no meu treinamento! Estar atenta a mim mesma para na me tornar outra pessoa. Não ficar igual a outra pessoa. É chato isso, ter que ficar me cuidando. Mas é melhor do que parecer um clone bobo. Vergonhoso isso, Detestável. E ser medrosa então? Ui! Lamentável! Por medo de inveja me vestia mal, falava que não tinha nada,nem dinheiro e nem ninguém, não fazia nada para que prestassem atenção em mim e acabei no buraco. Afirmei tanto repetindo essas coisas me sentindo dessa forma, que deu resultado! Realmente tudo o que dizemos e pensamos e desejamos se concretiza dependendo da força que colocamos, da energia que despendemos nessas repetições e comportamentos. Então, traçar um rumo e segui-lo é bom. Não entendia o que significa “seja o que vc quer ser” ou “tome as rédeas da sua vida!” Hoje entendo. Gostaria de ter entendido isso antes, mas o passado já era e não o quero grudado em mim. A cada dia que passa me livro de mais e mais coisas que impediam meu crescimento. E aprendo mais coisas, melhoro. Passo muito mais tempo com a mente livre de porcarias do que há alguns meses. Certas lembranças, a a maioria antiqüíssimas, vem e são jogadas fora. Algumas se repetem vezes seguidas, até encher meu saco e eu me tocar e deixá-las irem pro limbo e para serem pulverizadas. Rs. Quis mudar muita coisa em mim. E ainda quero... E faço isso o tempo todo. Tem muito lixo pra se jogado fora ainda! E quanto mais rápido, melhor! Mas não preciso ficar buscando pelo lixo, ele some porque vai perdendo espaço, alguns sacos pulam e aparecem e meu trabalho, com esses mais fedorentos, é apenas encaminhá-los para seu derradeiro extermínio. Quanto mais positivamente eu penso, mais fácil fica para chamar o que quero para mim e me transformar em quem eu realmente quero ser. E esses pensamentos e as novas experiências boas vão tomando o espaço e limpando e perfumando a área onde antes era fedidamente ocupada pelo lixo. Logo ela estará totalmente limpa, renovada, clara, cheirosa e absolutamente positiva. E a minha existência, em todas as áreas será linda. Aprendi que tenho que me movimentar em direção ao que eu quero. Pedi e Receberei. Sim! Acredito. Mas tenho que ter boa disposição para aceitar.
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Um dia sua alma encontra seus pedaços novamente.
A febre da gripe me deixa absurda
Sempre tenho horror de parecer, ou ser intrometida. Não faço muitas perguntas, fico sem saber de muitas coisas a respeito das pessoas com quem convivo, talvez coisas que nem precise mesmo saber. Mas tbm sei que vejo coisas, que outros não vêem. Como o menino dos olhos sérios, que lá no fundo tem uma quase tristeza. Que não deixa chegarem muito perto porque ele sempre está a um passo atrás de si mesmo. Ou do outro que tem doce nos olhos, olhos com dor, a cor suave que pode ser tormenta...O que fazer? Olhar somente? Olhar com os meus olhos que dizem serem duros, olhos de gente brava. Será que alguém vê que eles são suaves de vez em qdo? Todo mundo quer ser visto...E não quer ser visto tbm. Se adiantasse contar pros outros o que a gente já viveu, assim, pra fazer com que a dor alheia passasse, eu queria tanto poder! Por que gente como eu se agarra nas dores? Minha amiga Valquíria me disse, logo após a Bezinha ter morrido, que esperava me encontrar derrubada. Contei pra ela como foi, o que pensei, e do quanto me surpreendi comigo mesma por ter conseguido não mandar Deus pro inferno. Ela respondeu que estava pasma por me ver tão diferente de mim mesma. Já houve tempos piores. Em que eu não acreditava em nada além de que eu merecia me ferrar. De onde vem o ódio contra a gente mesmo? Já tentei me matar, já quase morri sem querer ir...Hoje eu sou melhor pra mim mesma. Foi o que eu disse pro menino dos olhos cheios de doce, pra ele ser bonzinho pra si mesmo, sendo intrometida, falando coisas quem talvez nem adiantam, porque é difícil a gente se deixar abrir pra coisas melhores além das dores...Dai o que falam pra gente só irrita...Aiai...Hoje eu me agarro menos às dores. Escrevo ainda sobre meus ódios, sobre quem me maltratou, me largou pra morrer sozinha, me esfaqueou pelas costas, sobre a menina boba que mostrou a língua pra mim no jardim de infância, rs...Ainda odeio certas pessoas. Mas não quero mais me agarrar a elas, e ao que me fizeram, ou ao que eu permiti que fizessem. E desejo com toda a minha alma melhorar mais ainda. Ou pelo menos permanecer assim! Meio xucra, chata, cheia, essas coisas que tanto dizem de mim, rs...Mas gostando muito mais de mim mesma do que jamais gostei.
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Eu para raio de mim mesma
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Vingança, com Kevin Costner
-"Um pouco de sexo lhe faria bem!
-(Suspiro em recusa)Acabei de matar um inimigo.
-Ah! Entendo. Não quer misturar prazeres!"
Matar um inimigo dentro da gente, é um prazer imenso! Ver-se livre de uma pessoa vil, que não perturba mais nossa mente, nosso coração, nossa alma, é um prazer valioso.
-(Suspiro em recusa)Acabei de matar um inimigo.
-Ah! Entendo. Não quer misturar prazeres!"
Matar um inimigo dentro da gente, é um prazer imenso! Ver-se livre de uma pessoa vil, que não perturba mais nossa mente, nosso coração, nossa alma, é um prazer valioso.
terça-feira, 20 de julho de 2010
Estranho...
Há tanto tempo que isso não acontecia! A primeira vez em muitos anos, em que alguém me faz desviar o olhar. Eu que sou tão olho no olho me vi hoje, desviando o meu para os lados, para baixo. Que estranho. Olhos escuros, firmes, decididos. Os meus pularam...Pra não caírem...Dentro...?
segunda-feira, 19 de julho de 2010
A Moda desimportante, ainda...
É que lembrei ontem, da Glorinha Kalil, crítica de moda, rs, falando sobre o inverno do Brasil e em como paracer chic nessa estação. Ta, ela é educada, dá pra ver que é uma mulher de boas escolas, de nível excelente e talz. Mas eu queria dizer pra ela: Amigaaa! Vc é boba! Boba! Boba! Boba! E queria que ela viesse pra cá, pra passear pelas ruas de Curitiba, nesse inverno tão ameno, tão tropical brasileiro. Certa vez eu ouvi essa simpática moça (não estou sendo debochada, acho-a agradável mesmo! Apesar da profissão tola!), aconselhando a usarem no inverno, um vestidinho de seda com um casaquinho leve, meio jogado pelos ombros, apenas para os momentos mais frios. Rsrsrsrs....Eu de verdade, gostaria muito que ela viesse vestida assim pra cá. Melhor! Que tivesse vindo semana passada pra cá. Pra virar picolé de seda e casaquinho nos ombros. Pessoas (e animais) morrem de frio! Ouço isso nos telejornais! Será só eu?! Ah! Mas é aquela coisa...o sul não existe para certas pessoas. Não conta como disse a Fernanda Montenegro numa entrevista uma vez. Fiquei pasma! "O verdadeiro Brasil é o nordeste! É de lá que vem a cultura! O sul não conta." Jura?! Bom, no meu registro de nascimento está lá : brasileira. Hummm...se eu não "conto", beleza. Sei que aqui faz frio, que a gente que é branca tbm é brasileira (não me venham com delírios de que estou falando mal de quem não é branco! Isso tbm me irrita! Já passou da hora de acabar com essa coisa do "politicamente correto!" Educação e decência, sempre, ms sem baboseiras!), e que aqui tem cultura tbm. Misturei os assuntos. Juntei-os. E quem não gostar que se congele no gelo de Guarapuava! Outro lugar bom pra Glorinha ir passear, de tamanquinhos...rs...
sábado, 17 de julho de 2010
A moda? É assim tão importante?
"Sim. Entre aqueles que não tem nada mais importante a considerar."
A futilidade de pessoas que acham "tipo assim, o máaaaaximo", aquele batom "fofucho", com formato de coração, o gel de cabelo a 100 reais, a roupa da Julia Roberts em Preatty Womam, que “voltou com tudo, (lembrem! Ela era uma prostituta no filme!) Aff! Me dá arrepios de vontade de mandar umas criaturas assim lavarem um tanque beeem cheio de roupa! E esfregar bem o tanque tbm depois! Burrice demais é indecência. Gosto de estar bem vestida, de saber que tenho um estilo próprio, e gosto muito mais de vestir um blusão de moletom, pintado a mão, por mim, e me sentir muitíssimo bem com ele, de andar como cabelão solto, e molhado, muitas e muitas vezes! (Já me criticaram por isso! Rsrsrs, “é brega sair de cabelo molhado na rua”, e isso, vindo de uma criatura com cabelos oleosos, grudados de sujos...e eu não tinha dito palavra alguma sobre seu cabelo ordinário!), andar me preocupando em se estou in ou out da moda. Ta, tbm gosto de um saltão, de rímel e de vestidos. Mas, gente se ocupando em Saber o que a filha do Tom Cruise anda vestindo! Nem sei o que falar disso! Mas sei que os pobretões que não se enxergam, me irritam imensamente. Gente que não tem onde cair morta, ou que são “mais pobres do que aranha”, como diz minha mãe, já que as aranhas possuem teias, ou buracos nas paredes, rsrs, criticando roupas, sapatos, acessórios, e lojas onde as pessoas fazem suas compras, antes, me davam vontade de rir, hoje me dão vontade de acertar seus olhos com os meus dedos. Estilo Beatrix, Kill Bill. Ah! Vão tomar no meio do cu! Gente chata, sem noção, ignorantes. É estranho pra mim escrever sem dar “nomes aos bois”, ou as vacas, rs, mas antes e fazer isso, de criar esse blog, andei lendo o que o povo faz, e tbm, aprendi a me preservar mais. A não me jogar na cova dos leões. Envelhecer é bom tbm. Se a gente quiser, aprende muita coisa. Eu aprendi algumas, rs...Quem me conhece, sabe que sempre fui kamikaze. Não pensem que mudei em meu caráter caríssimos amigos da minha vida, (e a quem vier a me conhecer ou que acabou de!). Apenas estou tentando um outro rumo de falar dos outros, rsrs...E é até divertido pensar em se eles se enxergariam, (ão) nos meus escritos rsrs...
sexta-feira, 16 de julho de 2010
aproveitar
quinta-feira, 15 de julho de 2010
segunda-feira, 12 de julho de 2010
A Boneca
Silvia sempre foi linda. Desde o nascimento era uma criança linda, encantadora. Pouco chorava, pouco reclamava, dormia quietinha, nunca ficava doente.
-Mas essa menina é uma boneca, diziam.
-Quem é a bonequinha da madrinha?
-Eu! Respondia Silvia, toda contente.
-Quem é a boneca mais linda do mundo da vó?
-Eu! Toda feliz Silvia respondia, acreditando que era mesmo uma boneca.
Mas ela não era. Percebeu um dia em suas descobertas de como é a vida de verdade. Tinha seis anos, quase sete.
-Mas as bonecas não se mexem mãe!
-O quê?
-As bonecas mãe! Elas não se mexem! E eu se mexo.
A mãe deixou passar o erro de português, tão raro um defeito na menina, que achava até bom quando ela falava assim, Márcia se sentia estranhamente mais normal. Balançou a cabeça espantando o pensamento estranho.
-Mas claro Silvia, elas são bonecas. Não são meninas de verdade.
-Mas eu sou uma boneca e sou uma menina de verdade. Não sou mãe?
-Sim, você é uma menina de verdade.
-E eu sou uma boneca.
-Não Silvia. Você é uma menina Quando as pessoas dizem que você é uma boneca, querem dizer que você é linda. É só um jeito de dizer que você é linda.
Beliscou de leve o narizinho arrebitado da menina.
Silvia não entendia como isso podia ser. Era uma boneca!
-Que coisa! Fez um bico e ficou pensando sobre o que acabara de descobrir.
-Mãe? Como a gente vira outra coisa?
-Bom, a gente deseja. A gente faz pensamento positivo! A gente pensa um montão...
-Pede pra fadas?
-É, concordou Márcia rindo. - Pode pedir pra fadas sim.
-Ótimo!
-Ótimo? Que criança diz ótimo?
Novamente com pensamentos estranhos sobre a filha, lembrou que quando quisera engravidar, depois de várias tentativas frustradas, fez um pedido as fadas. Era um momento de diversão, estava com uma amiga em uma loja esotérica, e viu uma fadinha linda, com uma inscrição “fada dos desejos – peça o que quiser! Toque os olhos da fada e seu pedido se realizará.” Márcia riu, achando aquilo tudo uma bobagem, e foi se afastando da fada, olhando outras coisas, mas sua atenção parecia o tempo todo se voltar para a pequena fadinha delicada. Decidiu-se sem nem perceber direito, “me ajuda? Me traz um bebê?” E tocou com as pontas dos dedos, os olhos brilhantes da fada. Saiu quase correndo da loja, com vergonha de si mesma.
-O que foi? Rosamaria, a amiga, saiu correndo atrás de Márcia.
-Nada, só me senti um pouco mal, vamos embora.
Depois disso, esqueceu completamente esse dia. Mas agora lembrava que foi na semana seguinte que se sentindo enjoada, foi até a farmácia e comprou um teste de gravidez. Descobriu que estava grávida.
Enquanto isso, Silvia fazia seu pedido, juntando as mãozinhas em prece, ajoelhada no tapete e forma de tartaruga. Pediu com toda à vontade de seu coração para que seu maior desejo fosse realizado. A mãe não sabia, mas ela possuía uma fada! Esse era um segredo seu e da madrinha.
Rosamaria havia dado a Silvia uma fadinha igual a que a mãe vira na loja, mas havia pedido para a menina não dizer nada a mãe, pis o seu aniversário ainda não chegara e Marcia já pedira a amiga para dar menos presentes a afilhada
-Você a mima demais! Dá tudo o que ela quer!
-Mas não é para isso que servem as madrinhas?
-Por favor, fadinha linda! Por favor, por favor, por favor! Prometo que vou ser a boneca mais boazinha do mundo! Tocou os olhos da fada como lera no papelzinho que vinha pendurado nela. Guardou-a dentro do guarda roupas e foi dormir feliz, achando que como era uma menina tão boazinha, não era o que todos diziam? Certamente a fadinha iriam realizar seu desejo! Cochilou e de repente acordou assustada. Sentiu um arrepio no corpo todo e os dedinhos dos pés ficarem frios. Ouviu um tec! E os sentiu ficarem duros. Mais um tec! E as perninhas também ficaram duras. Arregalou os olhos estranhando o que se passava, e outro tec! E uma dor na barriguinha a fez colocar as mãos sobre ela num ai! Sentiu as costas ficarem duras, os braços foram puxados para os lados e tec! Tec! Tec! Tudo duro também. Começou a sentir o peito oprimido, como quando se esforçava para ficar mais tempo do que o pai nas competições na piscina, quando apostava quem ficava mais tempo debaixo da água. Quis gritar pela mãe, mas não conseguiu a voz sumiu e tec! O peito e o rosto também endureceram. A boca se abriu num meio sorriso, os olhos vidraram.
Pela manhã, Márcia abriu aporta do quarto para chamar a menina para ir a escola. Abrindo as cortinas, com a claridade invadindo o quarto, o grito pavoroso ao olhar a menina.
-Agora sou uma boneca de verdade mamãe!
-Mas essa menina é uma boneca, diziam.
-Quem é a bonequinha da madrinha?
-Eu! Respondia Silvia, toda contente.
-Quem é a boneca mais linda do mundo da vó?
-Eu! Toda feliz Silvia respondia, acreditando que era mesmo uma boneca.
Mas ela não era. Percebeu um dia em suas descobertas de como é a vida de verdade. Tinha seis anos, quase sete.
-Mas as bonecas não se mexem mãe!
-O quê?
-As bonecas mãe! Elas não se mexem! E eu se mexo.
A mãe deixou passar o erro de português, tão raro um defeito na menina, que achava até bom quando ela falava assim, Márcia se sentia estranhamente mais normal. Balançou a cabeça espantando o pensamento estranho.
-Mas claro Silvia, elas são bonecas. Não são meninas de verdade.
-Mas eu sou uma boneca e sou uma menina de verdade. Não sou mãe?
-Sim, você é uma menina de verdade.
-E eu sou uma boneca.
-Não Silvia. Você é uma menina Quando as pessoas dizem que você é uma boneca, querem dizer que você é linda. É só um jeito de dizer que você é linda.
Beliscou de leve o narizinho arrebitado da menina.
Silvia não entendia como isso podia ser. Era uma boneca!
-Que coisa! Fez um bico e ficou pensando sobre o que acabara de descobrir.
-Mãe? Como a gente vira outra coisa?
-Bom, a gente deseja. A gente faz pensamento positivo! A gente pensa um montão...
-Pede pra fadas?
-É, concordou Márcia rindo. - Pode pedir pra fadas sim.
-Ótimo!
-Ótimo? Que criança diz ótimo?
Novamente com pensamentos estranhos sobre a filha, lembrou que quando quisera engravidar, depois de várias tentativas frustradas, fez um pedido as fadas. Era um momento de diversão, estava com uma amiga em uma loja esotérica, e viu uma fadinha linda, com uma inscrição “fada dos desejos – peça o que quiser! Toque os olhos da fada e seu pedido se realizará.” Márcia riu, achando aquilo tudo uma bobagem, e foi se afastando da fada, olhando outras coisas, mas sua atenção parecia o tempo todo se voltar para a pequena fadinha delicada. Decidiu-se sem nem perceber direito, “me ajuda? Me traz um bebê?” E tocou com as pontas dos dedos, os olhos brilhantes da fada. Saiu quase correndo da loja, com vergonha de si mesma.
-O que foi? Rosamaria, a amiga, saiu correndo atrás de Márcia.
-Nada, só me senti um pouco mal, vamos embora.
Depois disso, esqueceu completamente esse dia. Mas agora lembrava que foi na semana seguinte que se sentindo enjoada, foi até a farmácia e comprou um teste de gravidez. Descobriu que estava grávida.
Enquanto isso, Silvia fazia seu pedido, juntando as mãozinhas em prece, ajoelhada no tapete e forma de tartaruga. Pediu com toda à vontade de seu coração para que seu maior desejo fosse realizado. A mãe não sabia, mas ela possuía uma fada! Esse era um segredo seu e da madrinha.
Rosamaria havia dado a Silvia uma fadinha igual a que a mãe vira na loja, mas havia pedido para a menina não dizer nada a mãe, pis o seu aniversário ainda não chegara e Marcia já pedira a amiga para dar menos presentes a afilhada
-Você a mima demais! Dá tudo o que ela quer!
-Mas não é para isso que servem as madrinhas?
-Por favor, fadinha linda! Por favor, por favor, por favor! Prometo que vou ser a boneca mais boazinha do mundo! Tocou os olhos da fada como lera no papelzinho que vinha pendurado nela. Guardou-a dentro do guarda roupas e foi dormir feliz, achando que como era uma menina tão boazinha, não era o que todos diziam? Certamente a fadinha iriam realizar seu desejo! Cochilou e de repente acordou assustada. Sentiu um arrepio no corpo todo e os dedinhos dos pés ficarem frios. Ouviu um tec! E os sentiu ficarem duros. Mais um tec! E as perninhas também ficaram duras. Arregalou os olhos estranhando o que se passava, e outro tec! E uma dor na barriguinha a fez colocar as mãos sobre ela num ai! Sentiu as costas ficarem duras, os braços foram puxados para os lados e tec! Tec! Tec! Tudo duro também. Começou a sentir o peito oprimido, como quando se esforçava para ficar mais tempo do que o pai nas competições na piscina, quando apostava quem ficava mais tempo debaixo da água. Quis gritar pela mãe, mas não conseguiu a voz sumiu e tec! O peito e o rosto também endureceram. A boca se abriu num meio sorriso, os olhos vidraram.
Pela manhã, Márcia abriu aporta do quarto para chamar a menina para ir a escola. Abrindo as cortinas, com a claridade invadindo o quarto, o grito pavoroso ao olhar a menina.
-Agora sou uma boneca de verdade mamãe!
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Saudade da cripta?
sexta-feira, 9 de julho de 2010
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Aqui.
Sempre aquela música em sua cabeça. Sempre nos seus lábios, como assovio. Gostava de assoviar, de cantar em lalas. Uma música não muito antiga, mas que a acompanhava há muito tempo. Música boa, de banda boa. Rock’n’rolll. Uma baladinha esta. Triste, falando sobre alguém com dor. E um outro alguém, disposto a ajudar.
Julia chega em casa cheia de compras. Abre a porta com dificuldade, equilibrando os pacotes, segura a alça da bolsa com os dentes, depois que pegou a chave de dentro dela não conseguiu por a alça de novo nos ombros. Essas coisas sempre são confusas pra ela. Sempre foi confusa. Não desastrada. Confusa. Não sabia nunca ao certo como fazer e refazer coisas triviais. Achava graça disso ao invés de se importar. Era uma moça feliz. Entrou em casa, colocou as compras em cima da mesa, a bolsa também saiu de seus dentes deixando-os doloridos e a boca com gosto de couro. Suspirou fundo. Suspirosa era como a avó lhe chamava desde menina.
Pensou em fazer algo para comer, havia passado o dia todo fora, nem havia comido nada além das poucas bolachas e do copo de chocolate matinal. Mas estava tão cansada que se deitou no sofá amarelo de tecido fofo e quente.”Como ando cansada”, pensou. Já fazia tempo que chegava em casa e imediatamente caia em sono profundo em qualquer lugar em que encostasse. Chegava animada, bem disposta, sempre com planos para fazer comidas deliciosas, tirar coisas velhas dos armários, arrumar a casa. Mas assim que entrava, sentia-se doente de cansaço. Ainda bem que havia a arrumadeira que vinha uma vez por semana cuidar da limpeza e das roupas, senão viveria numa bagunça mal-cheirosa, pensou rindo e dormiu.
Acordou assustada, sempre acordava assim, com pesadelos alfinetando sua mente e sem lembrar de muita coisa deles. Apenas os enormes olhos vermelhos. Desde criança sempre tivera sonhos com esses olhos. Devia ser algum personagem de desenho ou de algum livro que vira, e que a assustara tanto, que nunca mais em algum lugar de sua mente esquecera. Só lembrava nos pesadelos. Estava escuro, pois quando chegou em casa dormiu sem acender nenhuma luz. Estava com frio com exceção das costas que estavam no quentinho do tecido do sofá. “Ah! Que pena que não trouxe um cobertor pra cá, poderia continuar dormindo”.Mas o frio começou a incomodá-la. Não tinha um medo especial do escuro. Recentemente foi que começou a senti-lo como pesado e gelado. Era estranho isso pensava.Colocou os pés no chão e puxou-os imediatamente pra cima do sofá num “ah!”, assustado. Pareceu sentir um raspão. Como uma unha grande sendo passada em cima do pé esquerdo. “Será um inseto?” Tinha horror à centopéias, ficou alisando o pé, horrorizada com a idéia. “Que ódio!”, essa era outra palavra que andava usando com freqüência recentemente. Não era dada ao uso de palavras negativas assim. “Que inferno! Por que ando fazendo isso? O sofá vai acabar com um buraco nesse lugar de tanto que durmo aqui. Ai que fome!” Ouviu um estalo.
-Deve ser a geladeira, disse para sim mesma. Encolheu-se mais ainda no sofá de que tanto gostava. Presente de um tio. Casa nova, móveis novos! Dissera ele quando Julia resolvera morar sozinha e procurava em lojas de segunda mão móveis para encher a casa. O sofá era o único móvel novinho em folha que possuía. E de sua cor favorita.Tentou acalmar-se cantando baixinho a música de sempre. Ouviu o carrilhão antigo batendo e se assustou novamente. Gritou um palavrão e ficou escutando as batidas para saber que horas eram. Uma, duas...Doze? Impossível! “Não posso ter dormido tanto!”, Chegou em casa as 5h30. “Meu Deus!”.
-Deus não tem nada com isso gracinha.
O grito não saiu quando sentiu o coração gelar. A escuridão era absoluta!
-To ficando louca.
-Canta pra mim...A voz rouca, como enferrujada pediu.
-Quem ta aí? Olha, pode levar o que quiser!
-Quem disse que eu quero mais do que já tenho?
-Eu vou chamar a polícia! Ta me escutando? Ta ouvindo? Sai daqui agora! Pega o que quiser e sai agora porque já to ligando,
Procurou o telefone celular no bolso da calça, pensando em porque não tivera a idéia de usá-lo como lanterna antes, assim que acordou. Não conseguia tirá-lo, deixou cair no chão.
-Droga, bosta!
Começou a tatear pelo chão a procura do aparelho, achou-o. Mas quando o abriu continuou tudo escuro. Sem bateria. Apavorou-se ainda mais no silêncio.
Respirava com dificuldade imaginado que poderia ser tocada a qualquer momento pelo sujeito que estava ali. Era uma voz de homem não era? Uma voz velha, como se raspasse em ferro velho. Lembrou que o interruptor de luz estava perto da porta, e perto do sofá havia um abajur. Tentou ser silenciosa, segurou o medo dentro do estomago enjoado e estendeu o braço para a direita, procurando pelo abajur com base em forma de elefante. Pegou o rabinho dele e clic! Escuro ainda. “O fio deve ter se desprendido, porcaria de coisa velha!”, pensou. “Vou ter que levantar daqui e ir até a porta. Acendo a luz e abro aporta e saio correndo." Pensou no ridículo da situação, mas sabia que sem a luz acesa não conseguiria girar a chave na porta trancada. Suas mãos tremiam. Já seria um esforço supremo chegar até o interruptor sem tropeçar em nada. Levantou-se num pulo e correu em direção a luz, começou a tatear a parede, achou, e nada. Escuro total.
-Não vai cantar pra mim? A voz horrenda debochou.
Sentiu que ia desmaiar. Foi escorregando pela parede, caindo até o chão gelado. Não soube quanto tempo ficou ali, gelada e grudada na parede. Voltou do desmaio e ainda zonza pensou “o que to fazendo aqui? Deve ser um pesadelo”.Ouvindo estomago roncar. O único som na escuridão.
-Tenho que ir pra cama. Preciso de um médico. Isso tem que parar. Esses pesadelos idiotas...Chega de palhaçada Julia! Levante-se daqui!
Dando a ordem pra si mesma, tentou se levantar. Sentiu-se fraca, as pernas bambas.
-Calma! Isso é fome...Só fome e cansaço e...
Tentou o interruptor novamente.
-É só falta de energia. Não seja boba! Algum imbecil deve ter batido o carro num poste aí.
Ouviu um suspiro. Arregalou os olhos.Mas se manteve muda. Pôs a mão na boca, cobrindo-a. A escuridão era tanta que se ela não via ninguém, certamente não era vista tampouco. No mesmo instante em que pensou isso, sentiu uma enorme mão acariciar-lhe os cabelos vermelhos.Sentiu um arrepio medonho descendo-lhe da cabeça aos pés, tremeu, girou e estendeu as mãos tentado se defender, caiu no chão e começou a empurrar a si mesma para trás com os pés, chorando.
-Por que você ta fazendo isso? Me deixa em paz!
-Gostooosa...Caaanta pra mim...
Julia foi batendo em móveis, derrubando objetos, levantou-se e começou a procurar pela cozinha, completamente sem direção. Havia uma porta na cozinha, queria alcançá-la. Achou a escrivaninha, uma dor aguda no osso da bacia onde bateu de cheio na quina. Gritou de dor. Mas já sabia onde estava, era só andar um pouco pela direita que já encontraria a porta da cozinha e dali a porta de saída. “Desgraçado, se pensa que vou ficar aqui pra você ta muito enganado. Prefiro morrer do que ser estuprada por uma coisa imunda como você!”
-Toco em você todas as noites benzinho...E o prazer que te dou te faz acordar assustada. E eu adoooro isso...A risada metálica do sujeito fez Julia quase desmaiar de novo. Havia apenas pensado, tinha certeza de não ter dito nada em voz alta. O terror tomou conta de todas as suas células. “Essa coisa não é humana.” Entendeu isso com um conhecimento antigo, que todos nós temos enraizado dentro de nós. O conhecimento do sobrenatural. Do mal. O rádio-relógio e cima do armário, lembrança da década de 90, acendeu a luz piscando 12:00. Seus olhos se voltaram pra luz vermelha e deu um salto quando o rádio começou um chiado e de repente, ouviu aparvalhada a música de sempre enquanto corria para aporta dos fundos.
“Quando a chuva cai
Nas noites mais solitárias
Lembre-se que sempre
Estarei aqui...”
Na escuridão, apenas o piscar vermelho do rádio relógio, e os igualmente vermelhos e enormes olhos.
(Cai a Noite - Capital Inicial)
Julia chega em casa cheia de compras. Abre a porta com dificuldade, equilibrando os pacotes, segura a alça da bolsa com os dentes, depois que pegou a chave de dentro dela não conseguiu por a alça de novo nos ombros. Essas coisas sempre são confusas pra ela. Sempre foi confusa. Não desastrada. Confusa. Não sabia nunca ao certo como fazer e refazer coisas triviais. Achava graça disso ao invés de se importar. Era uma moça feliz. Entrou em casa, colocou as compras em cima da mesa, a bolsa também saiu de seus dentes deixando-os doloridos e a boca com gosto de couro. Suspirou fundo. Suspirosa era como a avó lhe chamava desde menina.
Pensou em fazer algo para comer, havia passado o dia todo fora, nem havia comido nada além das poucas bolachas e do copo de chocolate matinal. Mas estava tão cansada que se deitou no sofá amarelo de tecido fofo e quente.”Como ando cansada”, pensou. Já fazia tempo que chegava em casa e imediatamente caia em sono profundo em qualquer lugar em que encostasse. Chegava animada, bem disposta, sempre com planos para fazer comidas deliciosas, tirar coisas velhas dos armários, arrumar a casa. Mas assim que entrava, sentia-se doente de cansaço. Ainda bem que havia a arrumadeira que vinha uma vez por semana cuidar da limpeza e das roupas, senão viveria numa bagunça mal-cheirosa, pensou rindo e dormiu.
Acordou assustada, sempre acordava assim, com pesadelos alfinetando sua mente e sem lembrar de muita coisa deles. Apenas os enormes olhos vermelhos. Desde criança sempre tivera sonhos com esses olhos. Devia ser algum personagem de desenho ou de algum livro que vira, e que a assustara tanto, que nunca mais em algum lugar de sua mente esquecera. Só lembrava nos pesadelos. Estava escuro, pois quando chegou em casa dormiu sem acender nenhuma luz. Estava com frio com exceção das costas que estavam no quentinho do tecido do sofá. “Ah! Que pena que não trouxe um cobertor pra cá, poderia continuar dormindo”.Mas o frio começou a incomodá-la. Não tinha um medo especial do escuro. Recentemente foi que começou a senti-lo como pesado e gelado. Era estranho isso pensava.Colocou os pés no chão e puxou-os imediatamente pra cima do sofá num “ah!”, assustado. Pareceu sentir um raspão. Como uma unha grande sendo passada em cima do pé esquerdo. “Será um inseto?” Tinha horror à centopéias, ficou alisando o pé, horrorizada com a idéia. “Que ódio!”, essa era outra palavra que andava usando com freqüência recentemente. Não era dada ao uso de palavras negativas assim. “Que inferno! Por que ando fazendo isso? O sofá vai acabar com um buraco nesse lugar de tanto que durmo aqui. Ai que fome!” Ouviu um estalo.
-Deve ser a geladeira, disse para sim mesma. Encolheu-se mais ainda no sofá de que tanto gostava. Presente de um tio. Casa nova, móveis novos! Dissera ele quando Julia resolvera morar sozinha e procurava em lojas de segunda mão móveis para encher a casa. O sofá era o único móvel novinho em folha que possuía. E de sua cor favorita.Tentou acalmar-se cantando baixinho a música de sempre. Ouviu o carrilhão antigo batendo e se assustou novamente. Gritou um palavrão e ficou escutando as batidas para saber que horas eram. Uma, duas...Doze? Impossível! “Não posso ter dormido tanto!”, Chegou em casa as 5h30. “Meu Deus!”.
-Deus não tem nada com isso gracinha.
O grito não saiu quando sentiu o coração gelar. A escuridão era absoluta!
-To ficando louca.
-Canta pra mim...A voz rouca, como enferrujada pediu.
-Quem ta aí? Olha, pode levar o que quiser!
-Quem disse que eu quero mais do que já tenho?
-Eu vou chamar a polícia! Ta me escutando? Ta ouvindo? Sai daqui agora! Pega o que quiser e sai agora porque já to ligando,
Procurou o telefone celular no bolso da calça, pensando em porque não tivera a idéia de usá-lo como lanterna antes, assim que acordou. Não conseguia tirá-lo, deixou cair no chão.
-Droga, bosta!
Começou a tatear pelo chão a procura do aparelho, achou-o. Mas quando o abriu continuou tudo escuro. Sem bateria. Apavorou-se ainda mais no silêncio.
Respirava com dificuldade imaginado que poderia ser tocada a qualquer momento pelo sujeito que estava ali. Era uma voz de homem não era? Uma voz velha, como se raspasse em ferro velho. Lembrou que o interruptor de luz estava perto da porta, e perto do sofá havia um abajur. Tentou ser silenciosa, segurou o medo dentro do estomago enjoado e estendeu o braço para a direita, procurando pelo abajur com base em forma de elefante. Pegou o rabinho dele e clic! Escuro ainda. “O fio deve ter se desprendido, porcaria de coisa velha!”, pensou. “Vou ter que levantar daqui e ir até a porta. Acendo a luz e abro aporta e saio correndo." Pensou no ridículo da situação, mas sabia que sem a luz acesa não conseguiria girar a chave na porta trancada. Suas mãos tremiam. Já seria um esforço supremo chegar até o interruptor sem tropeçar em nada. Levantou-se num pulo e correu em direção a luz, começou a tatear a parede, achou, e nada. Escuro total.
-Não vai cantar pra mim? A voz horrenda debochou.
Sentiu que ia desmaiar. Foi escorregando pela parede, caindo até o chão gelado. Não soube quanto tempo ficou ali, gelada e grudada na parede. Voltou do desmaio e ainda zonza pensou “o que to fazendo aqui? Deve ser um pesadelo”.Ouvindo estomago roncar. O único som na escuridão.
-Tenho que ir pra cama. Preciso de um médico. Isso tem que parar. Esses pesadelos idiotas...Chega de palhaçada Julia! Levante-se daqui!
Dando a ordem pra si mesma, tentou se levantar. Sentiu-se fraca, as pernas bambas.
-Calma! Isso é fome...Só fome e cansaço e...
Tentou o interruptor novamente.
-É só falta de energia. Não seja boba! Algum imbecil deve ter batido o carro num poste aí.
Ouviu um suspiro. Arregalou os olhos.Mas se manteve muda. Pôs a mão na boca, cobrindo-a. A escuridão era tanta que se ela não via ninguém, certamente não era vista tampouco. No mesmo instante em que pensou isso, sentiu uma enorme mão acariciar-lhe os cabelos vermelhos.Sentiu um arrepio medonho descendo-lhe da cabeça aos pés, tremeu, girou e estendeu as mãos tentado se defender, caiu no chão e começou a empurrar a si mesma para trás com os pés, chorando.
-Por que você ta fazendo isso? Me deixa em paz!
-Gostooosa...Caaanta pra mim...
Julia foi batendo em móveis, derrubando objetos, levantou-se e começou a procurar pela cozinha, completamente sem direção. Havia uma porta na cozinha, queria alcançá-la. Achou a escrivaninha, uma dor aguda no osso da bacia onde bateu de cheio na quina. Gritou de dor. Mas já sabia onde estava, era só andar um pouco pela direita que já encontraria a porta da cozinha e dali a porta de saída. “Desgraçado, se pensa que vou ficar aqui pra você ta muito enganado. Prefiro morrer do que ser estuprada por uma coisa imunda como você!”
-Toco em você todas as noites benzinho...E o prazer que te dou te faz acordar assustada. E eu adoooro isso...A risada metálica do sujeito fez Julia quase desmaiar de novo. Havia apenas pensado, tinha certeza de não ter dito nada em voz alta. O terror tomou conta de todas as suas células. “Essa coisa não é humana.” Entendeu isso com um conhecimento antigo, que todos nós temos enraizado dentro de nós. O conhecimento do sobrenatural. Do mal. O rádio-relógio e cima do armário, lembrança da década de 90, acendeu a luz piscando 12:00. Seus olhos se voltaram pra luz vermelha e deu um salto quando o rádio começou um chiado e de repente, ouviu aparvalhada a música de sempre enquanto corria para aporta dos fundos.
“Quando a chuva cai
Nas noites mais solitárias
Lembre-se que sempre
Estarei aqui...”
Na escuridão, apenas o piscar vermelho do rádio relógio, e os igualmente vermelhos e enormes olhos.
(Cai a Noite - Capital Inicial)
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Saudade da cripta?
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Mais fácil falar e pretender do que cumprir...
Os olhos vêem.
Os ouvidos ouvem.
E a mente acredita.
Na verdade.
Ou na ilusão.
Os ouvidos ouvem.
E a mente acredita.
Na verdade.
Ou na ilusão.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Lelé (How long will I love you? - The Waterboys)
How long will I love you?
As long as stars are above you
And longer if I can
How long will I want you?
As long as you want me to
And longer by far
Hoje é aniversário do Lézão! Meu rei luminoso, meu filho amado, idolatrado, sublime, estratosférico, rei da minha vida, meu thuthuco, meu guerreiro celta, formidável, inigualável, lindíssimo, charmosíssimo, barriguinha tanquinho, (xuxu-lezinho e xuxu-lezão, desses ele não gosta muito, rsrs....) Um dos seres mais importantes da minha vida, por quem eu vivo, por quem eu tive vontade de continuar vivendo, e quem tem tudo de mim, sempre! Depois dele, veio a Bê, que está no céu agora, mas que é nossa ainda! Ele ainda está amuado, confuso com o que aconteceu, a amadinha não está mais aqui, ele a procura, sente falta, pede pra gente buscá-la, nos leva até a porta, até o portão. Isso dói! Mas esse divino e maravilhoso da minha vida está comigo há 10 anos. Lembro de qdo ele veio, magrinho, sem um dos dedinhos, braaaaaaaaavo! Minúsculo e bravo! Briguento, mal-humorado, esnobe, cheeeeio, rs...Que me defende, só chega perto de mim quem ele deixa, rs...Que suspira de enfado qdo tento sufocá-lo de amor qdo ele nem está pra isso, rs...E que me ama, eu sei! E que ouve de mim, todos os dias, o que sempre disse a ele antes da Bê, e a ela qdo veio pra nós, “a mãe ama Lé e Bê, mais que tudo, mais que todos, pra sempre!” E me beija qdo canto a música dele, linda, que ouvi num filme ótimo irlandês.
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de coração
domingo, 4 de julho de 2010
sábado, 3 de julho de 2010
Como o mundo tbm é feio...
Pobre é pobre em qualquer lugar. Palafitas na Indonésia são palafitas na Amazônia. O mesmo povo feio. Uma gente horrível, encardida, cheia de crias. Velhas pelancosas seminuas. No meio da selva. E querem reconstruir o Haiti. Pra quê? Mas também, vão pôr aonde aquele povo? Deve ser isso, tantas gentes feias, burras, atopentantdo o planeta que danifica o humor da gente. Como estar num lugar cheio de gente e estar de saco cheio, não aguentando mais, de estremo mau humor. E repórter pobre de espírito é pra acabar. Sujeito ridículo (rede Record) babando de emoção em frente a uma gente sem cérebro. Comendo larvas e matando os poucos animais que restam. Pré-históricos vendo a si mesmos em câmeras digitais. “A Aliança” é um livro ótimo, James Michener, o escreveu. Não é para inferiorizar a ninguém, nem o livro, nem o que aqui escrevo. O livro fala da África do Sul, tão em moda agora né? Jabulanis e talz...Mostra as tribos como são, mostra que sim, os colonizadores foram maus, mas os nativos também já o eram! “Tua tribo é mais alta do que a minha, te corto as pernas então!” “Vamos cortar os braços das crianças que não conseguiram fugir pra que ao crescerem se lembrem de nós!” Matar! Matar! Matar! Olhos esbugalhados de selvageria. Ente eles, muita gente de bom espírito. Conheci uma vez uma moça que fugiu de Angola. Disse que o mundo acha que as coisas não são bem assim na África...”Mas são!”, ela disse. É politicamente incorreto, feio falar “mal” dos outros. Mas quem tem olhos para ver, enxerga. Preservar índios? Sim, mas integrados a todos os outros habitantes do mundo! Não em reservas! Tem coisa mais triste do que vê-los em rituais sagrados rodando numa ciranda calçando chinelos de dedos desgastados um pé de cada cor? Ta, tem sim, tem muita coisa triste no mundo, foi só jeito de falar...Não aguento essas matérias televisivas cheias de pretensão, bobagens desinformação. Não ajudam a ninguém.
Kill Bill
“Quando a oportunidade da vingança nos sorri, podemos pensar que é Deus nos sorrindo também, nos dando a chance da satisfação e do prazer”. (Beatrix)
“A vingança não é uma linha reta. É uma floresta escura onde podemos facilmente nos perder”. (Hatori Hanso)
(Assisti ontem, coincidentemente pensando e escrevendo sobre o tema, depois dizem que não existem coincidências...existem o quê?, rs...)
“A vingança não é uma linha reta. É uma floresta escura onde podemos facilmente nos perder”. (Hatori Hanso)
(Assisti ontem, coincidentemente pensando e escrevendo sobre o tema, depois dizem que não existem coincidências...existem o quê?, rs...)
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Os homens que não amavam as mulheres
'Como agir com (ou contra) um inimigo: 'ignore-o quando ele estiver provocando, nunca esqueça nada e dê-lhe o troco quando puder. Mas nunca quando ele estiver em posição de força. E não aceite o combate quando é certo que se vai perder. Em compensação, jamais dê folga a quem o demoliu. Seja paciente e responda quando estiver em posição de força mesmo que não haja mais necessidade de responder.'"
Achei anotado do tempo em que li o livro...o problema é que a vingança é cheia de gula. É difícil satisfazê-la por completo. Ela sempre quer mais...e a gente pode seguir o conselho do personagem acima...e pode virar um ser terrível, mantendo dentro da gente o que talvez fosse melhor apenas jogar fora...vingança contra quem nos colocou no chão pode ser delicioso de sentir...e daí?
Achei anotado do tempo em que li o livro...o problema é que a vingança é cheia de gula. É difícil satisfazê-la por completo. Ela sempre quer mais...e a gente pode seguir o conselho do personagem acima...e pode virar um ser terrível, mantendo dentro da gente o que talvez fosse melhor apenas jogar fora...vingança contra quem nos colocou no chão pode ser delicioso de sentir...e daí?
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