sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Respeito é bom, e todo mundo gosta e precisa! Mas bobice é bobice, e só.


A Emilia diz que a carne da Tia Nastácia é preta.
E não é?!
Ao que eu me lembre, é. É sim!
Quando ouvi a chamada para o telejornal, sobre quererem proibir uma obra de Monteiro Lobato, fiquei pensando em qual seria. Pensei em Reinações de Narizinho, onde ela, menina, casa com o Príncipe Escamado, pensei, alguém deve estar indignado com isso, com a personagem , influenciando meninas a procurarem namorados (príncipes, rsrs), ao invés de viverem suas infâncias. Tem bobo pra tudo! 
Quando vi que era Caçadas de Pedrinho, pensei que eram ambientalistas, apesar do Pedrinho não matar nenhum bicho ao que eu me lembro!, Até fiquei menos bicuda, porque caçar, matar, torturar animais, são coisas para guilhotina enferrujada, claro!. Mas era sobre isso. Sobre tia Nastácia ser preta na idéia da Emilia. Na idéia dela e na real!
Ah! “Tia Nastácia trepou feito uma macaca...”, sugere preconceito né? Hummm...”Aquela branquela lá parece um bicho de goiaba de tão branca”...Já ouvi isso! Direcionada a mim, também! Com um pouquinho de sol sem protetor solar “parece um camarão!” E risadas e gargalhadas...Isso também ouvi! E também direcionado a mim.
Tenho uma amiga, que por qualquer coisa que eu fazia, era chamada de loura burra. Eu sou muito tolerante a brincadeiras, até sobre isso, eu mesma brinco quando cometo algum erro crasso, ou quando quero me fazer de boba. Mas com essa moça era algo que começou a me atormentar. Se eu espirrava, era “loura burra”. Se eu tropeçava, “êee loura burra!” Se eu estava de mau-humor, “loura burra”! Se alguém me fazia algum mal, “Bem –feito! Loura burra!.”
Uma noite. Na cozinha de casa, eu cortando temperos para o jantar, ela e outra amiga sentadas à mesa, contou-nos ela uma história, que pouparei a quem ler de saber, já que não vale a pena. Ao término, disse eu, “mas ô negrinha burra você, hen? Mas vá ser negrinha burra assim no inferno hen? Como é que pode?”; A outra amiga baixou a cabeça, muda. Ela retesou-se, mostrou o desagrado na cara imediatamente, e como dz uma amiga minha a Dre, “engoliu seco e com farinha!”. Continuei a cortar cebolas, tomates e cheiros-verdes, cantando com a música que tocava, e ela nunca, nunca, nunca mais me chamou outra vez de loura burra!

O que deve ser ensinado e não machucar as pessoas! É que ser bom, é melhor do que ser mau! Não proibir livros! Eu duvido, conhecendo bem a realidade, que haja muitos professores capazes disso, mas isso já é outra história...
Daqui a pouco não dá mais pra falar do Saci, que é preto e perneta. (Vi no blog do Albino Incoerente que não se pode mais usar coisas como perneta, deficiente, portador de deficiência...não tenho a mínima idéia de como é politicamente correto falar sobre o Saci!)
E o Negrinho do Pastoreio? E o Bonequinho de Piche?

“A Cinderela não pode ser negra, porque é uma história européia!’ Eu disse isso a uma professora, afro-descendente, que certa vez falava sobre isso na sala de aula. Que éramos nós os brancos (eu rosada, rs), preconceituosos, porque as princesas, eram todas brancas. “Por que a mãe da Branca de Neve não pediu uma menininha pretinha?’ Mas por que ela pediria? Ela era branca, o rei era branco, (a história era européia também, se não me engano!). Onde está o preconceito? Nunca ouvi meus amigos gays reclamarem que o príncipe salvou a Rapunzel a invés de ficar com o aldeão bonitérrimo!.
Respeito é bom, e todo mundo gosta e precisa! Mas bobice é bobice, e só.
Ah! A professora me mandou pra fora da sala na ocasião, rsrs...6ª série...Agradeci por não ficar ouvindo suas baboseiras, rsrs...

Minha mãe me ensinou a ler aos quatro anos. Desde então sempre tenho um livro nas mãos. Monteiro Lobato nunca me ensinou a ser preconceituosa, má, ou dançarina de funk de morro. Li todos os seus livros infantis e se um dia tiver filhos humanos, eles lerão também!

5 comentários:

  1. Esse assunto dá pano pra manga mesmo. Já viu a infame "cartilha do politicamente correto", publicada no primeiro mandato do Lula? Aquilo ali é uma tristeza.

    O negócio é que abunda a hipocrisia mesmo. Crentes pagando o dízimo e ferrando os outros(tá garantido, eu paguei a taxa). Catolicos pregando isso e aquilo, moral e bons costumes e acobertando pedofilos.

    Esse mundo é uma zona, miunha cara. E nóis aqui no meio...

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  2. eu fiquei tao indignada com essa historia, mas tao chocada, imagino oq monteiro lobato falaria sobre isso se fosse vivo! é ate melhor q nao o esteja, doq ver esse tipo d absurdo em cima de sua obra! ridiculo ridiculo! espero q o ministro fernando haddad pense bem a respeito!
    ufa, depois desse desabafo, otimo fim semana flor! dezembro passo por ai te dar um beijo pessoalmente!

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  3. É mais fácil, para os pobres em cultura e espírito, ter preconceito que saber o que é respeito.

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  4. Olá, menina! Não é só porque Hitler era mau que não podia ser parte de um casal fofo com o Rommel... o Dr Smith, de Perdidos no espaço e o Robô - "Perigo, Perigo, Perigo" ficaram muito tristes que não saibas quem eles são... o Smith ficou calado e o Mecanoide fez beicinho!!!

    Beijão!

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  5. Eu também li muitos livros, não li nenhum livro que ensinasse preconceito, ou racismo, ou xenofobia, nenhum livro faz com que sejamos nada, a nossa interpretação pessoal e intransferível é que dá aos livros, às palavras e aos actos os cunhos estranhos que cada um lhes queira dar... Eu, pessoalmente, detesto preconceituosos, mas detesto ainda mais aqueles politicamente correctos que só ussam disso para disfarçar suas próprias pré-concepções e ideias burras. Etc etc etc.

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