A vida é uma banda, numa propaganda de refrigerante.

Não, não é. A vida é uma privada. E a gente vive entre aquilo que há em privadas.

Quando “os horizontes são mais amplos”, é uma valeta. Fede. É feia.

Sabem a origem dos espantalhos? É celta. Guardava um deus, cujo nome nem quero lembrar, que vivia adormecido entre as macieiras. Todos os anos, para uma boa colheita, sacrificavam pessoas a ele, que apreciava sangue humano.

Não sei a origem dos palhaços, mas detesto os tristes especialmente. Aqueles de cara muito branca e com uma lágrima desenhada. Olhos e boca caídos. Fumando e bebendo algo vagabundo, engolindo tudo num estalo amargurado após um show medíocre num picadeiro fuleiro.

O espantalho é deus, manda-chuva total. Nós somos palhaços de boca torta, tendo os membros arrancados dia após dia. Sendo sugados para fortalecê-lo.

(Espantalho em soninho cute-cute! Coisa fofa!

Não faz barulho pra ele não acordar!)